quinta-feira, 4 de junho de 2009

O "puxador de canto" e os músicos


Não como o pessoal de sua comunidade chama aquela pessoa que sustenta o canto durante as celebrações litúrgicas. Por isso, permita-me denominar esse personagem como “puxador de canto”. Aliás, nem seria muito aconselhável chama-lo de personagem, pois, tratando-se de um serviço litúrgico, a denominação mais correta seria a de um ministro da música. Se chamado assim ou de outro modo, creio que para início de conversa, nos entendemos.
Além do “puxador de canto”, vamos conversar também sobre os músicos que atuam na Liturgia. Aquele pessoal que sustenta o canto, que toca e faz a música acontecer durante a celebração litúrgica.


A arte de tocar e cantar a Liturgia
Animar a música durante uma celebração litúrgica requer arte e competência. Por isso, vamos dizendo, logo no início, que não é conveniente, e é falta de respeito para com uma ação litúrgica e com a assembléia presente, colocar qualquer pessoa para cantar ou fazer parte do ministério de música, o ideal é ter músicos experientes e cantores que dominem a arte de cantar.
Tocar com arte na Liturgia é, em primeiro lugar, ter consciência que se está prestando um serviço à comunidade através da música e não esquecer que, com seu instrumento musical e com sua voz, está celebrando e ajudando a celebrar o ato litúrgico.
Esses dois lembretes ajudam a entender uma coisa muito importante para quem exerce o ministério da música na Liturgia: não está cantando nem tocando por exibicionismo. Sua função é ajudar a assembléia a cantar e, através do canto, louvar, pedir perdão, rezar e salmodiar durante a celebração.
A arte de cantar e tocar na celebração tem um aspecto muito bonito. Os cantores dão o colorido à celebração. Se tocam e cantam bem, a celebração é bonita, gostosa. Se cantam mal, a celebração torna-se insuportável. Quando cantam bem, a gente tem pena quando acaba, mas, se ao contrário, cantam mal, o pessoal não vê a hora de acabar. Como se vê, e a experiência não desmente, a música é como que o termômetro da celebração. Um motivo a mais para que os cantores e tocadores sejam bons e afinados.
Um outro aspecto da arte de ser músico na Liturgia está no modo de tocar. Um grupo de rock, por exemplo, tem um jeito de tocar. Os pagodeiros tocam completamente diferentes. E mais diferente ainda toca o pessoal da MPB. Nenhum desses se compara ao grupo de músicos que atua na Liturgia. Estes têm um estilo próprio: o jeito de tocar e cantar na Liturgia. Se tocar como um conjunto de rock vai fazer muito barulho, o que não caracteriza a celebração litúrgica. O mesmo vale para as outras modalidades. Repito: o pessoal da música tem o seu jeito próprio de tocar nas ações litúrgicas. Nisso está a arte de saber tocar na Liturgia.


Os 30 pecados do músico na Liturgia

O jeito próprio de cantar na liturgia é o acompanhamento. O pessoal que toca deve saber tocar para ajudar o povo a cantar, acompanhar a assembléia litúrgica a cantar bem e sentir-se protagonista do canto. Ajudar a assembléia a rezar com a música, tanto ouvindo os instrumentos como cantando com os ministros da música. Serginho Valle, scj, Autor do Livro “Aprender a celebrar celebrando” e Pe. Joãozinho, scj, ministravam cursos e trabalhavam com o pessoal da pastoral litúrgica das comunidades, na Diocese de Taubaté. Pe. Joãozinho trabalhava com a parte musical. Antes de iniciar o curso, faziam uma pesquisa com os participantes, perguntando o que mais agradava e o que mais desagradava na Liturgia de suas comunidades. Era comum que a lista dos desagrados fosse sempre maior que a dos agrados. Foi assim, recolhendo esses dados da base, que Pe. Joãozinho elaborou uma lista dos “30 pecados do músico Litúrgico”. Posteriormente ele publicou essa lista no seu livro “Curso de Liturgia”.


1º. Fazer do altar um palco.

2º. Impor sempre o gosto pessoal.

3º. Cantar por cantar.

4º. “Só toco se for do meu jeito”.

5°. Ir sempre contra a idéia do Padre.

6°. Escolher sempre as mesmas músicas.

7°. Nunca sorrir.

8°. Usar instrumentos desafinados.

9º.Afinar o instrumento durante a missa.

10°. Tocar música de novela em casamento.

11º. Colocar letra religiosa em música da “parada”.

12º. Nunca estudar liturgia.

13º. Não prestar atenção na letra do canto.

14º. Não ler o Evangelho do dia, antes de escolher as músicas.

15º. Cantar forte demais no microfone.

16º. Volume dos instrumentos acima o volume das vozes.

17º. Grupo que canta tudo sozinho.

18º. Cantar só para se exibir.

19°. Distrair a assembléia.

20º. Não avisar ao padre as partes que serão cantadas.

21º. Nunca ensaiar novas canções.

22º. Ensaiar tudo antes da missa.

23º. Cantar músicas desconhecidas, do povo...

24º. Usar roupa bem extravagante, que chame a atenção.

25º. Fazer de conta que está num show de rock.

26º. Perder contato com a assembléia.

27º. Músicas fora da realidade.

28º. Fazer o máximo de barulho.

29º. Não ter vida interior.

30º. Repetir ao final de cada celebração: “Eu sou mesmo o melhor”.

As cinco virtudes do músico litúrgico
Para não ficar só no negativo, vão aí 5 virtudes dos músicos que ajudam a cantar bem na assembléia:

1º. Rezar com seu instrumento musical.

2º. Ajudar a assembléia através do canto.

3º. Cantar com o coração, porque pelo canto louva a Deus.

4º. Quer ver o povo cantar e esforça-se para isso.

5º. Colocar seus talentos e dons musicais a serviço da comunidade.

CONCLUSÃO
Nem sempre é fácil encontrar pessoas que cantem e toquem com arte nas celebrações. Quando isso não acontece, é preciso formá-las. É quando entra em ação a formação litúrgica, um trabalho a ser feito pela Equipe Litúrgica da Comunidade.

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